O Projeto Phenix

A questão central que orienta este Projeto de Pesquisa-Intervenção fundamenta-se na constatação de que as classes sociais pauperizadas, vivendo sob exclusão psicossocial (GUARESCHI, 2000; BADER, 1999) estão expostos a ações marginalizadoras e de contenção em suas vidas públicas e privadas. Isto porque são considerados como “população de risco” sendo, portanto, ameaçadoras para o status quo dominante (CANIATO, 2003). Sua exposição social às “categorias de acusação” (VELHO, 1987) e as injunções do “mito das classes perigosas” (COIMBRA, 2001) torna tais indivíduos/ grupos vulneráveis ao desenvolvimento do sentimento de culpabilidade, passando a atuarem como que mimetizando/ justificando tais estereótipos pela internalização da violência social (FREUD, 1981). Muitas vezes se expõem/ exibem em seus atos provocações psicossociais, o que os tornam presas fáceis de ações repressivas do aparato policial do Estado.

O trágico desta vulnerabilidade é a manutenção de uma “vida danificada” (ADORNO, 1993), da exacerbação do individualismo violento inerente à ideologia da sociedade capitalista contemporânea (padronização – ADORNO, 1986) que os impede de desenvolver uma consciência crítica que os pudesse libertar das malhas da padronização estereotipada de periculosidade que acabam por exibir/ sustentar em suas ações cotidianas.

Mais dramático ainda é a sujeição destes indivíduos/ grupos a um fatalismo paralisante (MARTÍN-BARÓ, 1987) que os mantém em sofrimento psicossocial (CANIATO, 2003) e a impossibilidade de expressões/ manifestações emancipatórias (ADORNO, 1985) tendentes ao desenvolvimento do “mundo da vida” (FARIA, 1994). Ao mesmo tempo, do ponto de vista do indivíduo, este acaba por submergir aos ditames da violência social internalizada (sentimento de culpabilidade – FREUD, 1981) se impondo auto-punições mutilantes que repercutem na anulação de suas individualidades. Do ponto de vista de grupo social estão impossibilitados de se desvincilharem das amarras do conformismo perverso (CHAUÍ, 1993; SAWAIA, 1995) que os mantém apáticos. Ao mesmo tempo, reproduzem nas relações entre si a violência social que lhes é imputada. Conseqüentemente, não conseguem se unir uns aos outros para desenvolverem práticas psicossociais compromissadas com seus iguais, nas quais a solidariedade possa existir e embasar práticas de resgate da humanização que sejam sustentadas por uma ética que não reproduza o extermínio dos homens (ADORNO, 1986; BAUMAN, 1998; ABECHE, 2003).

A utopia que é o fio condutor da nossa práxis (CARONE, 2003) é a esperança que a lenda da ave Phenix seja possível de ser atualizada com esta população.

Calendário

Calendário de eventos do Phenix.

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Eventos

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